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13 de set. de 2007

Continuação de Olho no pódio

Não é à toa que muitos esportistas ou treinadores bem-sucedidos são chamados para dar palestras em empresas.
Afinal, eles são os maiores especialistas em competição, não é? Do mesmo modo, os atletas que triunfam são escolhidos para ser garotos-propaganda de muitas empresas, das quais poucas produzem artigos ligados ao ramo esportivo.

"Use nosso produto e você será um vencedor!" é a mensagem.

Hoje, exigem-se um preparo técnico acurado e um treinamento contínuo, tanto na vida profissional quanto na pessoal.

E não se trata apenas de conhecer e estudar seu ramo de atividade ou de se cuidar, e sim de se empenhar em estratégias que permitam, ou pelo menos prometam, sair na frente e chegar em primeiro lugar ou, pelo menos, entre os primeiros.

Competimos contra tudo e todos.

Contra o tempo -e ainda acreditamos ser possível ganhar dele.

Contra nossa constituição física, contra nossos pares, contra nossa vida coletiva, contra qualquer outro que se coloque à nossa frente em qualquer situação.

Iniciamos nossos filhos precocemente nessa competição acirrada e acreditamos que tal iniciativa é absolutamente necessária para a sua sobrevivência no futuro.

Não valorizamos mais a aprendizagem do jogo que é a vida desde a largada, e sim seu resultado, que só pode ser um: ganhar.

As escolas se apropriaram desse anseio dos pais e incrementam ainda mais a concorrência entre seus alunos.

Os anunciados rankings de escolas baseados nos mais diferentes exames, os primeiros lugares conquistados nos vestibulares e as avaliações dos alunos, sempre comparativas, são exemplos dessa apropriação da competição pelo espaço escolar.

O sucesso, hoje, é definido principalmente pela competição, o que faz com que o processo de identificação com o outro ocorra de modo negativo.

Ser melhor do que o outro, ganhar do outro ou então se resignar a ser inferior a ele.

Desse modo, fica mais fácil entender o motivo de o outro ser quase sempre percebido como ameaça.

É preciso saber que essa olimpíada permanente tem seu preço.

Sabemos o custo que os atletas pagam na busca da superação: contusões sérias, cirurgias precoces, interrupção da vida profissional muito cedo.

Isso sem falar das conseqüências emocionais e sociais quando eles enfrentam a derrota ou saem do pódio. Arcamos com conseqüências análogas em nossas vidas quando transformadas nessa competição sem trégua: tédio, depressão, estresse, agressividade descontrolada, pânico etc.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e esse artigo foi publicado na FSP